Comando de Válvulas Desmodrômico
Criado pela Ducati nos anos 1950, o comando de válvulas desmodrômico revolucionou os motores das motos de competição.
Os comandos de válvulas desmodrômicos são sistemas inovadores de acionamento das válvulas em motores, que se destacam por eliminarem a necessidade de molas para o fechamento das válvulas.
Eles utilizam um mecanismo que controla tanto a abertura quanto o fechamento das válvulas, proporcionando maior precisão e eficiência em altas rotações.
Este sistema é amplamente associado à Ducati, que o popularizou em suas motos esportivas.
Mas antes da gente entrar na história, vamos entender o que é um comando de válvulas.
O que é um comando de válvulas
As válvulas têm funções cruciais no funcionamento do motor. As válvulas de admissão permitem a entrada da mistura ar-combustível nos cilindros, enquanto as válvulas de escape permitem a saída dos gases resultantes da combustão.
O correto funcionamento dessas válvulas é essencial para garantir uma combustão eficiente e maximizar a potência do motor.
Já o comando de válvulas é um mecanismo responsável por controlar a abertura e o fechamento das válvulas em um motor.
Ele determina o tempo e a duração da abertura das válvulas de admissão e escape, influenciando diretamente a eficiência do motor.
Os comandos podem ser acionados por diferentes sistemas: mecânicos, pneumáticos ou eletrônicos. E foi aí que a Ducati inovou.
A história dos comandos de válvulas desmodrômicos
O conceito de comando de válvulas desmodrômico remonta ao final do século XIX, quando Gustav Mess registrou uma patente em 1896. No entanto, foi o engenheiro da Ducati, Fabio Taglioni, quem aprimorou o sistema na década de 1950.
Ele implementou o comando desmodrômico em motos de competição da Ducati, solidificando a reputação da marca no mundo das motos esportivas.
A tecnologia também foi utilizada com sucesso pela Mercedes-Benz em carros de Fórmula 1 nas décadas de 1950 e 1960.
Diferenças entre os comandos de válvulas
A principal diferença entre os comandos desmodrômicos e os convencionais reside no método de fechamento das válvulas. Nos sistemas convencionais, as molas são responsáveis pelo fechamento das válvulas após a abertura.
Isso pode levar à flutuação das válvulas em altas rotações, resultando em perda de eficiência. Já os comandos desmodrômicos utilizam um mecanismo que garante o fechamento preciso das válvulas, evitando esse problema.
Vantagens do comando de válvulas desmodrômico
Evita flutuação: o sistema elimina a flutuação das válvulas em altas rotações;
Precisão no fechamento: garante um fechamento mais eficiente das válvulas;
Menor número de peças móveis: reduz o risco de falhas mecânicas.
Os comandos desmodrômicos proporcionam ganhos significativos em desempenho, especialmente em motores que operam em altas rotações. A eliminação da flutuação das válvulas resulta em uma combustão mais eficiente, aumentando a potência e a resposta do motor.
Desvantagens do comando de válvulas desmodrômicos
Maior desgaste: o contato direto entre as peças pode levar a um desgaste mais rápido;
Necessidade de ajustes frequentes: o sistema requer manutenção regular para garantir seu funcionamento ideal;
Complexidade: a mecânica é mais complexa do que nos sistemas convencionais.
Utilização dos comandos de válvulas desmodrômicos em motos
As motos da Ducati são as mais conhecidas por utilizarem esse tipo de comando. O sistema é fundamental para as motos esportivas da marca, permitindo que alcancem altos níveis de desempenho e eficiência.
A marca britânica Norton também experimentou o uso de válvulas desmodrômicas em suas motos, embora não tenha se tornado tão proeminente quanto a Ducati.
Utilização dos comandos de válvulas desmodrômicos em automóveis
Embora menos comuns em automóveis do que nas motos, alguns veículos esportivos premium também adotaram o sistema desmodrômico.
A francesa Salmson foi uma das pioneiras a implementar o sistema desmodrômico já em 1927. Seu uso visava resolver problemas de quebra das molas das válvulas em motores de alto desempenho.
A Mercedes-Benz utilizou essa tecnologia em seus carros de Fórmula 1 nas décadas de 1950 e 1960.
A sueca Koenigsegg explora inovações como o sistema Freevalve, que utiliza princípios semelhantes ao desmodrômico, permitindo um controle mais preciso das válvulas sem a necessidade de molas.
Motos da Ducati que utilizam o comando de válvulas desmodrômico
Alguns dos principais modelos de motos da Ducati que utilizam esse sistema são:
Ducati Panigale V4: Este modelo esportivo de alta performance é um dos mais emblemáticos da Ducati, incorporando a tecnologia desmodrômica para maximizar a eficiência do motor;
Ducati Monster: A linha Monster, que combina estilo e desempenho, também utiliza o sistema desmodrômico, proporcionando uma experiência de pilotagem ágil e responsiva;
Ducati Multistrada: Este modelo aventureiro é projetado para versatilidade e conforto em longas distâncias, mantendo a eficiência do motor com o comando desmodrômico;
Ducati Diavel: Conhecida por seu design ousado e potência impressionante, a Diavel utiliza o sistema desmodrômico para garantir um desempenho superior;
Ducati Streetfighter V4: Essa naked combina potência e manobrabilidade, utilizando o comando desmodrômico para otimizar o desempenho em altas rotações.
Como a Ducati manteve a liderança no uso do sistema desmodrômico
A Ducati manteve sua liderança no uso do sistema de válvulas desmodrômicas por meio de uma combinação de inovação técnica, tradição e foco em desempenho.
Foi a precursora no uso do sistema e continuou a investir em sua evolução por décadas.
Claudio Domenicali, CEO da Ducati quando este artigo foi escrito, explicou que a empresa optou por continuar com esse sistema porque é o que eles conhecem melhor, evitando o alto custo e o risco associados ao desenvolvimento de novas tecnologias.
O sistema desmodrômico acabou se tornando uma espécie de assinatura da marca Ducati, contribuindo para sua identidade e diferenciação.
Essa ideia passada ao público com a associação entre a performance e inovação ajudou a cultivar uma base de fãs da marca em todo mundo.
O futuro do comando de válvulas desmodrômico
As perspectivas futuras para o comando de válvulas desmodrômico são promissoras, especialmente no contexto da evolução tecnológica dos motores. As princpais tendências são:
Integração com Tecnologias Eletrônicas: A evolução dos sistemas eletrônicos pode levar à integração do comando desmodrômico com atuadores eletromecânicos, permitindo um controle ainda mais preciso sobre o tempo de abertura e fechamento das válvulas. Isso poderia resultar em motores ainda mais eficientes e responsivos;
Adaptação a Novos Modelos de Motores: Com a crescente demanda por eficiência energética e redução de emissões, o comando desmodrômico pode ser adaptado para motores híbridos ou elétricos, onde o controle preciso das válvulas pode otimizar o desempenho geral do motor;
Desenvolvimento de Materiais Avançados: O uso de novas ligas metálicas e materiais compostos pode mitigar alguns dos problemas relacionados ao desgaste, aumentando a durabilidade do sistema desmodrômico e tornando-o mais viável para uma gama maior de aplicações.
A evolução contínua dessa tecnologia pode levar ao renascimento do interesse da indústria automotiva em geral por esses sistemas em diversas aplicações automotivas além das motos esportivas.