1961 – CB 77 Super Hawk
A Honda CB 77 Super Hawk gerou livro, musica e filmes. Foi pilotada por Steve McQueen, Elvis Presley e Al Pacino. E ainda virou tema do rock dos Beachs Boys.
No período pós Segunda Guerra Mundial os americanos eram amantes de veículos grandes e possantes. Parecia impossível que uma empresa japonesa conseguisse vender nos Estados Unidos motos de baixa cilindrada.
Mas a Honda achou uma maneira e foi tão bem sucedida que em alguns anos já detinha 50% dessa fatia de mercado.
Nós vamos contar como ela fez isso através da história de uma de suas motos mais icônicas – a CB77 Super Hawk.
O motociclismo nos anos 1960
No início dos anos 60 o motociclismo entrava em um período sombrio na Europa, ganhava força na América e o Japão tentava a sua entrada no mercado mundial.
Desde 1956 que Soichiro Honda, presidente da Honda, viajava pelo mundo para observar em que tipo de moto as pessoas estavam interessadas e o que as grandes marcas estavam produzindo.
Ele entendeu que era preciso criar um produto totalmente novo, com estilo e arquitetura diferenciadas, que fosse popular e fácil de pilotar.
E ao colocar tais conceitos em prática, a Honda mudou a maneira como as pessoas encaravam o motociclismo em todo o mundo, criando as condições para levar suas motos para os Estados Unidos, e nós vamos ver em seguida como ela soube aproveitar essa oportunidade.
Surge a Honda CB77 Super Hawk
Dentro da filosofia de inovação definida por Soichiro Honda, em 1961 foi lançada nos Estados Unidos a CB77 Super Hawk, uma moto esportiva que se destacou por trazer o que as outras não tinham, por um preço quase imbatível.
A CB77 Super Hawk tinha um motor de 2 cilindros inclinado de 4 tempos, com 305cc, 28 cavalos, atingia 9.200 rpm e chegavam a 170 Km/h.
Com 2 carburadores, tanque de 14 litros, alternador elétrico de 12 volts e estrutura de aço tubular, pesava apenas 159 kg secos. Vinha com freios dianteiro e traseiro a tambor, partida elétrica, transmissão por corrente e lubrificação por cárter úmido.
Haviam 4 quatro opções de cores – azul, vermelho, preto ou branco – que combinadas com para-lamas e tampas laterais prateados tornavam a moto muito bonita.
Foi um sucesso imediato. Nenhuma outra moto até então tinha tantos recursos por um preço tão baixo. Podia ser comprada apenas por $670. Mas não foi só pelo preço que a moto conquistou os consumidores, outros fatores ajudaram a fazer a diferença.
Inovação, Design e Desempenho
A Honda CB77 Super Hawk ficou conhecida por sua velocidade, potência, confiabilidade e qualidade. Revolucionou o mercado e permitiu que milhares de pilotos iniciantes desenvolvessem nela os primeiros passos de suas futuras carreiras profissionais.
O desempenho era igual ou melhor do que o das motos britânicas de 500 cc da Norton ou da Triumph. Design, engenharia, desempenho, peso e ciclística estavam acima da média em relação às motos concorrentes que existiam no mercado até então.
Ela tinha estrutura de tubo de aço, ao contrário dos chassis prensados usados naquela época, e ainda vinha com garfo dianteiro telescópico.
O motor paralelo era um elemento integrante da estrutura da moto, isso dava mais rigidez no quadro que não assim não precisava de um tubo inferior.
É considerada uma das motos que definiram o padrão para todas as motos modernas e se tornou um modelo de referência do mercado na década de 1960.
Mas ainda faltava uma coisa para ter sucesso nas vendas. Era preciso vencer a resistência das famílias tradicionalistas americanas.
Música, Cinema e Psicodelismo
Para descolar as suas motos do estigma dos bad bays e dos violentos motoclubes americanos a Honda inovou no marketing se voltou para a cultura.
Steve McQueen já havia pilotado a moto no filme Love With The Proper Stranger de 1963.
Em 1964 a popularidade da CB77 Super Hawk atingiu o auge, quando Elvis Presley pilotou a moto no filme Roustabout.
E a moto ainda foi tema da música Little Honda, lançada pelos Beachs Boys, um rock pra lá de dançante que atingiu em cheio a juventude americana.
Já na segunda metade anos 60 a Honda direcionou o marketing para associar a imagem da moto aos movimentos hippies e psicodélicos emergentes na época.
Com tantas iniciativas culturais a moto acabou se tornando cult mesmo após o fim de sua comercialização em 1969, tanto que em 1973 Al Pacino pilotou uma CB77 no filme Serpico, e em 1974 Robert Pirsig escreveu um livro contando sobre a viagem de 17 dias que foz com ela pelos Estados Unidos.
Mas o verdadeiro motivo da CB77 Super Hawk ter feito tanto sucesso vai além de tecnologia e marketing.
Foco no cliente
Se pelo lado técnico a moto foi construída a partir da experiência que a Honda ganhou nas corridas de Grandes Prêmios, a verdadeira razão para o seu sucesso foi o aprendizado adquirido por Soichiro Honda em suas viagens pelo mundo ouvindo o que realmente importava: os desejos do público consumidor.
Por isso essa moto era muito diferente dos modelos anteriores e a sua história nos ensina como o foco no cliente e a busca por excelência podem tornar um produto amado pelo público mesmo após mais de 60 anos de seu lançamento.
Da Hildebrand & Wolfmüller de 1894 à Aston Martin AMB 001 de 2020, este livro explora com riqueza de detalhes 50 das motos mais espetaculares do planeta. Com edição original em inglês e capa dura, é indispensável para colecionadores.